No boteco de esquina, onde a cerveja é mais que uma bebida, é um ritual.
Se os copos falassem, a história do Brasil ia ser bem mais divertida. Da cachaça escondida em botecos coloniais até o drink fluorescente servido em rooftop com DJ de lo-fi, os bares são como livros de arquitetura onde cada tijolo conta uma fofoca cultural.
No século XVIII, os bares ainda nem se chamavam bares. Eram tabernas: espaço meio clandestino, meio familiar, onde cachaça e vinho barato circulavam junto com fofoca política e briga de faca. A arquitetura? Rústica, piso de terra batida e balcão improvisado de madeira.
Com o tempo, nasce o boteco de esquina, o mais brasileiro dos bares. Bancos de plástico, chope gelado e paredes azulejadas viraram ícones. Arquitetura simples, mas eficiente: aberta, democrática e com balcão sempre pronto pra virar confessionário.
👉 Não à toa já celebramos o rabo de galo como filho legítimo desse ambiente.
No século XX, a elite importou o glamour europeu. O Rio ganhou bares em hotéis com colunas imponentes, sofás de couro e garçons de gravata borboleta. Eram os templos do coquetel clássico — Dry Martini, Manhattan, Negroni.
Esses espaços tinham uma estética quase teatral: iluminação baixa, carpete que abafava segredos e arquitetura que dizia “você está em outro mundo, longe do barulho da rua”.
👉 Se quiser mergulhar nesse clima, veja como o Martini clássico se encaixa nesse cenário.
Anos 2000 trouxeram o boom dos gastrobares. Mesas de madeira de demolição, paredes de tijolinhos aparentes e luz amarelada tipo “Instagram filter”. A caipirinha continuou firme, mas agora aparecia ao lado de um Moscow Mule servido em caneca de cobre brilhante.
Aqui a arquitetura mistura tradição e marketing: um ambiente que finge ser despretensioso, mas custa caro no aluguel.
Chegamos na era do bar-Instagram. Copos highball com gelo cristalino contra o pôr do sol, rooftop com piscina refletindo luz neon e paredes cobertas de plantas. O projeto arquitetônico já nasce com hashtags na planta baixa.
Esses bares são experiência cenográfica: você não vai só beber, você vai performar. O design é pensado para virar cenário de foto — do neon “good vibes only” até o teto com projeções digitais.
👉 Quer entrar nessa onda visual? Lê também nosso papo sobre tipos de taças na coquetelaria e veja como o copo faz parte da arquitetura da experiência.
A tendência aponta para bares híbridos: metade café, metade coworking, metade laboratório de mixologia (sim, dá três metades, mas a conta fecha no Brasil). Espaços verdes, sustentáveis e com estética tecnológica.
Ou seja: a arquitetura do bar brasileiro sempre foi reflexo do nosso caos criativo. Do chão de terra às paredes instagramáveis, o copo continua no centro.
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