Se a tequila é aquela prima patricinha que todo mundo conhece, o mezcal é o irmão mais velho que morou no México rural, aprendeu a tocar violão e voltou contando histórias que você não tem certeza se são verdade — mas quer ouvir de novo.
Enquanto a tequila brilha nas baladas com seu marketing polido, o mezcal fica no canto do bar sussurrando segredos ancestrais. É o destilado que carrega fumaça na alma e terra debaixo das unhas. Um gole e você entende por que os astecas acreditavam que o agave era presente dos deuses. Dois goles e você também acredita.
O mezcal não é novidade — ele só estava esperando o mundo ficar esperto o suficiente para entendê-lo. Enquanto a tequila se industrializou e conquistou o planeta, o mezcal permaneceu artesanal, quase secreto, produzido em pequenos palenques (destilarias tradicionais) espalhados principalmente por Oaxaca.
A diferença começa na matéria-prima: tequila só pode ser feita com agave azul weber, mas mezcal aceita mais de 30 variedades de agave. É como comparar um cover de Beatles com jazz experimental — ambos são música, mas a experiência é outra.
A magia do mezcal acontece no processo artesanal que permanece praticamente inalterado há séculos. As piñas (corações do agave) são cozidas em fornos de pedra cobertos com terra, onde ficam fumegando por dias. Esse cozimento lento e defumado é o que dá ao mezcal sua assinatura aromática — aquela fumaça que abraça seu paladar como um cobertor mexicano.
Depois vem a moagem, tradicionalmente feita por uma roda de pedra puxada por cavalo ou burro (a famosa tahona). É coquetelaria em câmera lenta, onde cada etapa respira tradição.
A fermentação acontece em tinas de madeira com leveduras selvagens locais — cada região, cada produtor, cada safra carrega sua própria personalidade microbiana. Por fim, a destilação em alambiques de cobre ou barro, muitas vezes aquecidos a lenha, mantém a conexão com a terra que originou tudo.
Embora o mezcal possa ser produzido em nove estados mexicanos, Oaxaca é o epicentro incontestável — responsável por cerca de 85% da produção mundial. A região é um mosaico de microclimas, altitudes e tradições familiares que se traduzem em perfis de sabor únicos.
Cada distrito oaxaquenho produz mezcais com características próprias: os de Santiago Matatlán tendem a ser mais frutados, enquanto os de Santa Catarina Minas carregam notas minerais intensas. É geografia no copo, terroir em forma líquida.
E sim, existe DOP (Denominação de Origem Protegida) para mezcal também.
O Oaxaca Old Fashioned — mistura de mezcal e tequila reposado — pode ter sido o responsável por apresentar o mezcal aos bares internacionais, mas limitar-se a ele é como conhecer o México só por Cancún.
Ingredientes
Modo de preparo
Ingredientes
Modo de preparo
Ingredientes
Modo de preparo
No México, mezcal se bebe puro, temperatura ambiente, acompanhado de sal de verme (sal de gusano) e gomos de laranja. O ritual é quase religioso: um gole pequeno, deixar a fumaça subir pelo nariz, sentir a terra oaxaquenha dançar na língua.
Não é shot. Definitivamente não é shot.
A graduação alcoólica varia entre 40% e 55%, então respeite o líquido e ele respeitará sua manhã seguinte. Como dizem por lá: “Para todo mal, mezcal. Para todo bem, também.”
Mezcal Joven: não envelhecido, cristalino, mostra a personalidade crua do agave
Mezcal Reposado: 2 a 12 meses em madeira, ganha complexidade sem perder caráter
Mezcal Añejo: mais de 12 meses, desenvolve notas de baunilha e especiarias
Procure sempre pelo selo CRM (Consejo Regulador del Mezcal) e informações sobre o mestre mezcalero — são garantias de autenticidade em um mercado cada vez mais disputado.
Se o mezcal despertou sua curiosidade, explore:
O mezcal não é bebida para quem busca facilidade — é para quem quer conversa. Cada garrafa conta a história de uma família, de uma região, de uma tradição que sobreviveu à modernidade sem se render a ela.
É fumegante, terroso, complexo e absolutamente viciante. Como aquele amigo que sempre tem histórias interessantes para contar.
Para todo mal, mezcal.
A tequila é feita exclusivamente com agave azul weber, enquanto o mezcal pode usar mais de 30 tipos diferentes de agave. A tequila costuma ser mais polida e industrializada, já o mezcal mantém a produção artesanal e um perfil defumado único.
Do cozimento das piñas (corações do agave) em fornos de pedra subterrâneos, cobertos de terra. Esse processo lento libera fumaça e aromas terrosos que ficam marcados na bebida.
Oficialmente em nove estados mexicanos, mas Oaxaca é o grande epicentro, responsável por cerca de 85% da produção mundial.
Puro, em temperatura ambiente, acompanhado de gomos de laranja e sal de gusano (feito com larvas de agave). Nada de virar shot — é pra beber devagar e sentir o ritual.
Normalmente varia entre 40% e 55% de álcool. Forte, mas dentro do padrão dos destilados.
Sim, e fica incrível! Além do famoso Oaxaca Old Fashioned, vale testar releituras como o Mezcal Negroni, o Division Bell ou o Naked and Famous.
Procure garrafas com o selo do CRM (Consejo Regulador del Mezcal) e informações sobre o mestre mezcalero. Isso garante autenticidade e qualidade.
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