A ressaca: o preço a se pagar por uma noite de coquetéis.
A cena é sempre a mesma: você acorda, sol de 11h, cabeça martelando como se fosse ensaio da bateria da Mangueira dentro do seu crânio. Jurou no espelho do banheiro: “nunca mais”. E, claro, na sexta seguinte, lá está você brindando de novo. O ciclo da ressaca é a própria versão alcoólica do eterno retorno de Nietzsche — só que sem filosofia, só dor de cabeça e arrependimento.
A ciência explica: quando você bebe, o álcool desidrata, bagunça neurotransmissores e força o fígado a trabalhar horas extras metabolizando o etanol em acetaldeído — uma molécula tóxica, responsável por boa parte daquela sensação de ter sido atropelado.
Além disso, a ressaca é uma combinação perversa de inflamação, queda de glicose, distúrbios do sono e alterações hormonais. Traduzindo: seu corpo fez uma rave bioquímica e agora apresenta a conta.
O arrependimento pós-farra é praticamente um mecanismo de defesa mental. Estudos mostram que jurar “nunca mais” é uma tentativa de restaurar a autoimagem depois de escolhas ruins. Mas a memória da dor é curta — e a do prazer do copo cheio é bem seletiva.
Resultado? O cérebro apaga os registros ruins mais rápido do que você apaga stories constrangedores no dia seguinte. O que sobra é a lembrança romantizada da festa. E pronto: repetição garantida.
👉 Já falamos por aqui sobre ciência no copo e reações químicas que ajudam a entender porque o corpo sofre tanto no dia seguinte.
Sim, alguns rituais ajudam psicologicamente. Mas, no fim, não existe shortcut: a verdadeira cura é tempo.
Porque o ser humano é especialista em racionalizar prazer e minimizar dor. O brinde com amigos, a sensação de liberdade, a música boa — tudo isso pesa mais que a memória de uma manhã de náusea. A ressaca é a fatura, mas a festa é o crédito infinito.
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