Paper Plane: tão sofisticado que até o gelo derrete de inveja.
Imagine uma partitura líquida: quatro notas em equilíbrio perfeito, cada uma tocando no mesmo volume, nenhuma querendo aparecer mais do que a outra. É assim que Sam Ross, o bartender australiano que conquistou Nova York, escreveu um dos clássicos modernos mais brilhantes — o Paper Plane. Um drink tão simples que parece piada interna de bar, mas tão genial que virou ícone instantâneo.
Sam Ross saiu de Melbourne, atravessou o oceano e fincou bandeira no templo da coquetelaria Milk & Honey, em Nova York. Ali, aprendeu que respeito ao clássico não significa engessar a coqueteleira — e que inovação não é enfiar glitter no copo, mas saber contar histórias com sabor. Foi no balcão desse lugar mítico que ele pariu criações como o Penicillin e o já lendário Paper Plane.
Ross é tipo aquele guitarrista que tanto toca blues de raiz quanto inventa riffs que ninguém nunca tinha ouvido. Tradicional e iconoclasta ao mesmo tempo. Ele trata cada drink como um pequeno manifesto.
Coquetéis de partes iguais são a coisa mais honesta que a coquetelaria já produziu. Não tem estrela, não tem coadjuvante. Todo mundo no mesmo mililitro, criando harmonia. O Last Word já tinha mostrado esse caminho — gin, limão, maraschino e Chartreuse, cada um puxando pro seu lado, mas juntos numa valsa torta e deliciosa.
Ross pegou esse conceito e entregou sua própria versão de simetria perfeita: bourbon, Aperol, amaro e limão. Cada gole é tipo ouvir uma banda de indie rock afinada — tem peso, tem frescor, tem amargor, tem acidez. Nada falta, nada sobra.
Quer mergulhar mais nessa ideia? Dá uma olhada no nosso texto sobre o Last Word — outro clássico proibido que não sabia que ia ter tanto
Batizado em homenagem à música “Paper Planes” da M.I.A., o drink nasceu com ritmo próprio. Bourbon robusto segurando a base, amaro trazendo a profundidade herbal, Aperol dando o frescor quase nostálgico e limão cortando com acidez cirúrgica. Simples, elegante e viciante.
Não demorou para o Paper Plane voar de bar em bar, virando referência no mundo inteiro. É daqueles coquetéis que até quem nunca ouviu falar de Ross já pediu sem saber.
Um clássico moderno que não pede malabarismo: quatro partes iguais, nada mais, nada menos. Democracia líquida.
Ingredientes
Modo de preparo
Resultado: um drink ácido, amargo, doce e equilibrado como um quarteto que ensaia junto há anos.
Sozinhos, eles parecem de universos diferentes: o bourbon com sua alma caramelizada do sul dos EUA e o amaro com sua herança italiana amarga e misteriosa. Juntos, viram a improvável dupla que redefine o equilíbrio. Ross provou que contradição pode ser sinônimo de perfeição.
E se quiser brincar em casa: troque o bourbon por mezcal para um Paper Plane defumado, ou teste outros amaros como Averna ou Fernet. É a mesma receita, mas com finais alternativos — tipo versão do diretor.
O estilo de Ross não é só técnica, é narrativa. Cada coquetel dele é um conto de bar, uma história com começo, meio e um final que você quer repetir. Quando você bebe um Penicillin, não é só whisky com mel e gengibre — é viagem, reinvenção, memória líquida.
Quer dominar essas jogadas? Dá uma olhada:
Sam Ross mostrou que a simplicidade pode ser mais ousada que a complexidade vazia. O Paper Plane não é só receita: é sinfonia líquida, um brinde à democracia alcoólica das partes iguais. E se o futuro da coquetelaria tem cara, provavelmente é a dele — com um copo na mão, rindo por dentro porque conseguiu transformar quatro medidas idênticas em algo eterno.
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