Trinidad Sour: O Amargor no Centro do Palco

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Imagine um show em que a guitarra distorcida resolve roubar o microfone do vocalista. Esse é o Trinidad Sour: um coquetel onde os Angostura bitters — tradicionalmente coadjuvantes — viram protagonistas absolutos. Sim, aquele líquido marrom que você sempre pingava com parcimônia agora é servido em dose cavalar, como se dissesse: “o palco é meu, bebê”.

Angostura: de tônico medicinal a estrela de rock

Os bitters nasceram como um remédio no século XIX, criados pelo Dr. Johann Gottlieb Benjamin Siegert na Venezuela para tratar problemas estomacais de soldados. Mas, como todo bom rockstar, o Angostura largou a medicina e encontrou seu verdadeiro palco nos copos de coquetéis. Se antes era coadjuvante discreto em receitas como o Old Fashioned ou o Manhattan, no Trinidad Sour ele pega o holofote inteiro.

Quer entender melhor essa história? Vale dar um pulo no nosso post sobre como usar bitters na coquetelaria.

Três garrafinhas de bitters em um balcão de madeira, com bicos dosadores.

Ousadia líquida: proporções malucas

Enquanto a maioria dos drinks mede bitters em “dashes” (tipo gotinhas de conta-gotas), aqui a medida é 1 dose inteira. É como trocar o tempero pelo prato principal. O resultado? Um drink amargo, aromático, mas também surpreendentemente equilibrado, graças ao doce-amendoado do orgeat (xarope de amêndoas) e à acidez cortante do limão.

É aquele caos que vira harmonia — como escutar jazz experimental depois de um dia de rádio FM.

Receita do Trinidad Sour

Ingredientes:

  • 45 ml de Angostura bitters
  • 30 ml de orgeat (xarope de amêndoas)
  • 20 ml de suco de limão fresco
  • 15 ml de rye whiskey (ou bourbon, se quiser suavizar a pancada)

Modo de preparo:

  1. Coloque todos os ingredientes no shaker com bastante gelo.
  2. Agite como se fosse expulsar um demônio do corpo.
  3. Coe em uma taça coupé.
  4. Sem guarnição mesmo: a estrela aqui é o líquido rubi-escuro.

Sim, é só isso. E já basta.

Por que você deveria experimentar?

Porque o Trinidad Sour é aquele artista alternativo que nunca vai tocar na rádio pop, mas que muda a sua cabeça quando você escuta pela primeira vez. Ele desafia as regras do equilíbrio tradicional e prova que o amargor pode ser sexy — não só um detalhe de bastidores.

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Referências