Clover Club: gravatas borboleta e charutos
O Intrigante Mundo do Clover Club: Uma Jornada Ácida, Rosa e Historicamente Embriagante
Imagine um coquetel que não só faz suas papilas gustativas dançarem o can-can, mas também carrega nas costas uma história tão pesada quanto uma discussão sobre a metafísica de Descartes após a quinta dose de gin. Bem-vindo ao Clover Club: um drink que transcende o tempo e o espaço, diretamente do final do século XIX para os bares hipster do século XXI.

Nascer do Sol em Filadélfia
Lá no crepúsculo do século XIX, quando os homens eram “verdadeiros cavalheiros” (leia-se: uma combinação de machismo e bons ternos), surgiu o Clover Club. O Clover Club recebeu seu nome em homenagem a um clube de cavalheiros da Filadélfia, que se reunia no Bellevue-Stratford Hotel. Reunia jornalistas, advogados e figurões da alta sociedade, que se achavam mais importantes do que provavelmente eram. Imagine a cena: gravatas borboleta, charutos e debates acalorados sobre política enquanto seguravam copos de um líquido rosado que, só pela cor, já dava uma sensação de superioridade moral.

Este drink pré-Proibição era um símbolo de sofisticação e exclusividade. Apesar de sua popularidade inicial, o uso de clara de ovo e a complexidade na preparação contribuíram para seu declínio durante o século XX.
No entanto, o Clover Club ressurgiu recentemente, graças a mixologistas modernos e a bares como o Clover Club em Brooklyn, inaugurado por Julie Reiner em 2008:
Receita Ancestral
Vamos ao que interessa, a receita. O Clover Club é uma dessas maravilhas que parece ter sido criada por um alquimista:
- Gin: O espírito (literalmente) da festa, forte e vigoroso.
- Suco de limão fresco: Porque a vida precisa de um pouco de acidez.
- Xarope de framboesa (ou grenadine): A doçura que equilibra a alma.
- Clara de ovo: Sim, clara de ovo. Um truque de barman para dar aquela textura cremosa e uma espuma que faria um latte se sentir inadequado.
A clara de ovo é um daqueles ingredientes que faz você pensar “por quê?”, mas depois de experimentar, a pergunta muda para “por que não?”.
Da Queda ao Renascimento

Como todo clássico, o Clover Club teve seus altos e baixos. Na Era da Lei Seca, ele foi para o mesmo lugar que a sobriedade: o esquecimento. Anos de obscuridade se seguiram, onde a bebida rosa se tornou quase um mito, uma lenda contada por bartenders de gerações passadas, até ser redescoberta por uma nova onda de mixologistas obcecados com tudo que é vintage e artesanal.
Hoje, o Clover Club está de volta, ressuscitado em bares que gostam de se achar “artesanais” e “autênticos”. A ironia? A maioria dos frequentadores desses bares provavelmente nunca ouviu falar do clube original e muito menos das conversas elitistas que lá aconteciam.
Como Fazer o Drink Clover Club
Ingredientes
50 ml de gin
25 ml de suco de limão fresco
15 ml de xarope de framboesa (ou grenadine)
1 clara de ovo
Gelo
Framboesa para decorar
Instruções
- Preparar a Mistura
Coloque o gin, o suco de limão, o xarope de framboesa e a clara de ovo em uma coqueteleira.
Agite bem por 10 segundos sem gelo (dry shake) para criar uma espuma. - Adicionar o Gelo
Adicione gelo à coqueteleira e agite novamente por mais 10-15 segundos até esfriar. - Coar e Servir
Coe a mistura para um copo coupe ou taça de coquetel. - Decorar
Decore com uma framboesa no topo da espuma. - Apreciar
Sirva imediatamente e aproveite seu Clover Club!
Curiosidades
- Clara de Ovo: Antes de você torcer o nariz, saiba que a clara de ovo é o segredo para a textura aveludada, uma experiência tátil quase erótica para a sua língua.
- Gin: Não subestime o poder do gin. Este não é um drink para os fracos de coração (ou fígado).

O Clover Club não é apenas uma bebida; é um portal para uma era onde os coquetéis eram símbolos de status e sofisticação. Então, da próxima vez que você segurar um copo desse líquido rosado, lembre-se: você está bebendo um pedaço da história, um brinde ácido e espirituoso aos excessos de uma época passada, revividos no presente com toda a pompa e circunstância que um bom coquetel merece.