Shochu: O Sake que Não é Sake
Imagine um bar japonês no meio da madrugada, lanternas vermelhas balançando no vento, e na sua frente um copo translúcido de Shochu. Você bebe e pensa: “ué, não era sake?”. Não, meu caro. O Shochu é o primo misterioso do sake — o tipo de parente que não aparece na festa da firma, mas quando chega no karaokê, rouba o microfone e a sua dignidade.
Shochu vs. Sake: a treta fraterna
SAKE
FermentadoBase & Processo
Arroz polido + koji + levedura, com fermentação múltipla paralela (açúcar e álcool surgem juntos).
Estilos: Junmai, Honjozo, Ginjo, Daiginjo.
Teor Alcoólico
Geralmente 13–16% ABV (pode variar por estilo).
Perfil Sensorial
- Frutado (maçã, melão), floral, umami.
- Textura macia, do seco ao levemente adocicado.
Como Servir
- Gelado (frutados), ambiente ou morno/quente (estilos encorpados).
- Taça pequena, copo ochoko ou wine para aromáticos.
Na Coquetelaria
Funciona como vinho fortificado leve no mix: highballs delicados, flips e sours suaves.
Nutrição
Mais carboidratos residuais que shochu. Doçura depende do estilo.
SHOCHU
DestiladoBase & Processo
Arroz, cevada, trigo sarraceno, cana ou batata-doce (imo). Fermenta e é destilado (1x ou mais).
Tipos comuns: Kome (arroz), Mugi (cevada), Imo (batata-doce), Kokutō (açúcar mascavo).
Teor Alcoólico
Geralmente 20–25% ABV (podendo chegar a ~35% em alguns estilos).
Perfil Sensorial
- Vai do terroso-doce (imo) ao limpo e cereal (mugi/kome).
- Seco, alcoólico suave, final persistente.
Como Servir
- Mizuwari (com água fria), Oyuwari (com água quente), on the rocks ou highball.
- Copo baixo ou alto, gelo grande favorece textura.
Na Coquetelaria
Base versátil para highballs cítricos, sours delicados e riffs limpos onde o destilado é protagonista.
Nutrição
Carboidratos residuais mínimos após a destilação. Percepção de doçura vem da matéria-prima.
Resumo de balcão: Sake é fermentado, aromático e macio; Shochu é destilado, seco e versátil. Use o primeiro para elegância sutil e o segundo para coquetéis limpos e refrescantes.
Enquanto o sake é fermentado, o shochu é destilado. Ou seja: menos açúcar residual, mais personalidade. O álcool do sake gira na faixa de 12 a 15%, já o shochu é mais “fit” (25% em média) e, por isso, pode ser bebido em quantidades obscenas sem parecer que você vendeu a alma ao demônio do ressaca.
Outra diferença? O Shochu pode ser feito de cevada, arroz, trigo sarraceno e até batata-doce (imo shochu). Cada base traz uma vibe diferente: a batata-doce, por exemplo, entrega notas terrosas e doces, tipo um whisky rural japonês.
Quer comparar com outro duelo de titãs? É como confundir tequila com mezcal: parecem parentes, mas cada um tem sua própria mitologia.
Como beber Shochu sem pagar de turista

A cena clássica do japonês bebendo sake quente em copinho de cerâmica é só metade da história. O shochu aparece em mil versões:
- Com água quente (oyuwari) — ideal pra noites frias.
- Com água fria (mizuwari) — refrescante como um gin tônica, só que sem a Queen Elizabeth.
- Puro ou on the rocks — porque às vezes a simplicidade grita mais alto.
- Em coquetéis — onde a mixologia moderna está redescobrindo esse destilado oriental como uma base surpreendente para highballs e combinações cítricas.
Drinks orientais com Shochu
O Shochu não é só um gole exótico — ele rende drinks cheios de frescor e personalidade. Exemplos:
- Shochu Highball: Shochu + soda + limão. Minimalista, refrescante, perfeito pra fingir que você é personagem de anime adulto.
- Umeshu Shochu Spritz: mistura com licor de ameixa, gelo e água com gás — docinho, ácido e perigosamente fácil de repetir.
- Shochu Sour: o primo japonês do Whiskey Sour, só que mais delicado e aromático.
Por que você deveria dar uma chance
Porque o Shochu é um hack de bebida japonesa: tem menos calorias que a cerveja, menos açúcar que o sake e abre portas para um universo de aromas que vão do floral ao defumado. É o tipo de garrafa que, quando você põe no seu bar em casa, mostra que você não só bebe, você estuda.
Quer mergulhar mais fundo no lado oriental da coquetelaria?
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